Os
atestados de óbito de cortadores de cana geralmente declaram razões
desconhecidas ou parada cardiorrespiratória, segundo a Pastoral do
Migrante de Guariba, no interior de São Paulo. Mas alguns deles podem
trazer como causa um acidente vascular cerebral (derrame), edema
pulmonar ou hemorragia digestiva, entre outras. No entanto, para
Francisco da Costa Alves, professor e pesquisador do Departamento de
Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar),
as mortes são o desfecho da exaustão causada pelo trabalho excessivo
exigido pelo sistema de pagamento por
produção. Antes de matar, o sistema provocou problemas respiratórios,
musculares, sérias lesões nas articulações pelo esforço repetitivo,
entre outros. “Essa forma de remuneração, que leva o cortador a
trabalhar mais e mais, em longas jornadas, com alimentação e hidratação
inadequadas, está na raiz do adoecimento e morte desses trabalhadores”,
disse.
Nesse
sistema antigo, que já era criticado no final do século 18 por ser
perverso e desumano, os trabalhadores recebem conforme produzem, tendo a
responsabilidade pelo ritmo do seu trabalho. Ganham mais conforme a
produção. Como trabalham pela subsistência, se submetem a esse ritmo
cada vez mais intenso para melhorar suas condições de vida.